domingo, 19 de julho de 2009

ESPIGA PINTO E A SUA OBRA

Espiga, José Manuel, nasceu em 1940 em Vila Viçosa.
Com 15 anos é já um reconhecido desenhista e pintor, contudo é desde 1970 e em definitivo que a temática da portugalidade lhe proporciona uma experiência singular.
Em nenhum outro artista a vastidão do horizonte e a chama do Alentejo realizou tão grande obra. Em nenhuma outra parte homem e lugar se fundem com tanta identidade: nas quietudes e grandezas dos símbolos.
Parece que agora as raízes exercem mais profundamente forças divinatórias enredantes. (...)
Artista polifacetado, sente uma necessidade absoluta de fazer arte nos diversos materiais: madeira, tela, vidro, metal, e portanto, nos também diversificados campos: pintura, escultura, medalhística e numismática, porém em "As Memórias de Camões - A Máquina do Mundo, Lusíadas, Canto X, 1994", acrílico sobre madeira, ele fala especialmente da gesta marítima portuguesa. Aqui reaparecem os cavalos que agora afrontam velas retesadas pela força dos ventos cósmicos, inclinadas a oriente. O portulano começa por estar ameaçado pelo monstro exótico, nele se assestam balestilhas e astrolábios, se agilizam compassos - o mastro tombado - e as esferas dispõem-se pelo tejadilho, como se fossem trilho solar e guia argênteo nocturno.
A mulher não se encontra lá, todavia está implícita a saudade das noivas que ficaram por casar e das mães que choraram.
Muito mais se poderia dizer, até porque a sua Obra é extensa, mas em nota final, interessa advertir que é importante seguir o percurso artístico original de Espiga.
Texto de Joaquim de Barros Ferreira

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